segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

GERMANA TÂNGER




Morreu hoje, após ter completado há dias 98 anos, Maria Germana Tânger, conhecida figura do meio artístico português.

Actriz ocasionalmente, encenadora, declamadora, Germana Tânger era a última sobrevivente de uma estirpe de mulheres notáveis que muito contribuíram para o engrandecimento cultural de Portugal. Refiro-me, entre outras, a Amélia Rey-Colaço, Fernanda de Castro, Amália Rodrigues, Natália Correia, Teresa Leitão de Barros.

Professora do Conservatório Nacional, mestra na Arte de Dizer, pelas suas mãos passou a maior parte das actrizes e dos actores que pisam hoje os nossos palcos.

Tive o privilégio de conhecer pessoalmente Germana Tânger e de com ela conviver durante largos anos, no tempo em que acumulava com a minha vida propriamente profissional uma segunda vida dedicada ao teatro. Porque o passar dos anos vai afastando as pessoas, e Maria Germana já não morava agora ao pé do Teatro de São Carlos, perdi progressivamente o contacto com ela.

Conhecendo muitos dos seus alunos, sei quanto era admirada e amada por eles. As gerações mais novas já não beneficiaram dos seus ensinamentos, mesmo no meio teatral há hoje quem desconheça o seu nome. Porque a memória dos homens é cada vez mais curta. Mas o Teatro em Portugal deve-lhe inestimáveis serviços.

Os obituários, espero, hão-de referir a sua longa carreira, não tendo estas palavras outra intenção senão a de registar a minha admiração por uma Mulher que consagrou à Cultura, nomeadamente à Poesia e ao Teatro, o labor de toda uma vida.

À sua família, e em especial a seu filho, o embaixador António Tânger Correia, exprimo o meu sentido pesar.

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